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Como as crianças se comunicam

Os bebês desde quando nascem já se comunicam conosco.

Inicia-se através do choro que tem suas tonalidades diferentes para cada situação: cólica, sono, fome, birra – sim! Bebês muito pequenos já fazem birra! E a birra nada mais é do que a manifestação do bebê de reivindicar algo que ele tem necessidade e que lhe foi tirado.

Aos poucos, com a introdução da linguagem, as primeiras palavras começam a mostrar para nós o que o bebê está sentindo ou desejando.

Vale lembrar que toda a comunicação das crianças é feita a partir de seus sentimentos, e sim, precisamos entender e respeitar os sentimentos deles – o que não significa ceder ao que eles querem a todo momento.

Uma das formas de expressão que mais incomodam os pais são as formas de expressões agressivas como bater ou morder.

Vou descrever em tópicos algumas questões para ficar mais objetivo:

  1. Estas formas de expressão ocorrem normalmente a partir do momento em que a criança começa a se movimentar sozinha e vai até os 2 ou 3 anos – dependerá também de como corrigiremos os comportamentos inadequados e de como ensinaremos à criança uma nova forma de expressão – mais adequada. Só dizer: não pode! Não morde o amigo! Não bate na mamãe! Isso só ensina para a criança o que ela não pode fazer. Desde muito pequenos, por mais que pensemos que a criança não esteja entendendo, o mais adequado é dizer como deve ser feito e o que não é legal fazer pelas consequências que isso causa.

Exemplo:   Quando a gente quer um brinquedo a gente pode pedir: dá pra mim, porque se morder o amigo isso faz dodói nele. Claro que a criança tentará fazer isso e com outros da mesma idade dificilmente ela conseguirá o brinquedo – pois todos eles estão na mesma fase – mas é importante ensinar o adequado sempre. E isso terá que ser repetido por muito tempo.

  1. Ainda não há compreensão da situação por parte dos pequenos. Eles não entendem o que é perigoso e por isso não podem pegar, ou que é meu ou seu, ou que aquele objeto não irá sumir se ele largá-lo agora. Então fica mais complicado de que eles entendam isso agora e não repitam mais. Por isso a necessidade de repetição infinitas vezes.
  2. Há uma necessidade imperativa para crianças – eles querem AQUELE objeto e AGORA! Isso porque estão percebendo seu corpo, estão aprendendo que podem interagir com o mundo e a maneira de fazer isso é por meio da manipulação dos objetos. E desde pequenos não queremos que alguém nos tome algo que nos traz sensação de ESTOU CONSEGUINDO FAZER! Basta pensar em como nos sentiríamos frustrados se em nosso trabalho, numa atividade esportiva, numa situação de superação de nossos medos estivéssemos quase lá, faltando pouco para conseguir realizar nosso objetivo e chegasse alguém e dissesse: já chega, acabou! E interrompesse o processo. Isso geraria muita frustração em qualquer um, em qualquer idade. É isso que a criança sente quando alguém lhe tira um objeto que deseja, ou faz com ele algo que ele não quer.
  3. Cabe ressaltar que sim, as crianças sentem frustração, medo, tristeza, ansiedade, depressão, raiva, amor, e todos os demais sensações físicas inclusive que sentimos como adultos. Porém as crianças ainda não aprenderam a identificar, nomear e expressar adequadamente estes sentimentos. E por isso, na maioria das vezes expressam o que sentem com formas agressivas como bater, morder, empurrar, tomar do outro, pois estes são os comportamentos que estão mais desenvolvidos – o ir até o objeto e pegar, retirando os obstáculos da minha frente. Aos pais e também à escola (considerando que hoje as crianças passam o período de 8 a 12 horas na escola) cabe a difícil missão de ensina-los a como identificar o que sentem, nomear este sentimento, avaliar a causa deste sentimento e valorizar o sentimento. A partir disso, entendendo como este sentimento foi causado, também é possível ensinar para as crianças como elas podem reagir a este sentimento e também evitar de que essas sensações ocorram no futuro.

Exemplos:

AMOR

Inadequado: os pais veem aquele corpinho roliço e delicioso e dizem: vou morder esse neném gostoso. Isso é uma forma que nós adultos resgatamos lá da primeira infância sobre como expressar nossos sentimentos de amor. Neste caso inclusive é uma forma de expressão de afeto que pode ser modelo para a criança que até quando gosta do amigo vai morde-lo, por ser um modelo aprendido pela observação dos pais.

Adequado: os pais abraçam, beijam, dizem que amam, sem nenhuma relação com coisas que o filho faça. Não relacionar a boas ações do filho é importante pois faz com ele perceba que mesmo se fizer algo errado, os pais ainda o amam.

MEDO/FRUSTRAÇÃO

Inadequado: a criança caiu no chão em vez de se equilibrar quando foi brincar no escorregador. Os pais dizem: ah.. levanta, não foi nada. Em algumas situações a criança se irrita, chuta o chão, agride a quem vai tentar ajudá-lo. Ao que normalmente os pais respondem: para com isso!

Adequado: encorajar a criança dizendo que algumas vezes conseguimos fazer as coisas de primeira e às vezes temos que tentar para fazer melhor e melhor; incentivar a tentar novamente e instruir em como deve colocar as perninhas, em como diminuir a velocidade caso perceba que está indo rápido. Caso a criança resista não é legal insistir e sim dizer que quando ela quiser ir você poderá ajudá-la a treinar. Se houver reações agressivas pode dizer: é realmente muito chato quando a gente quer fazer algo e não consegue. Mas sempre dá pra gente tentar novamente – e deixe a criança escolher.

  1. Quanto mais atenção darmos aos comportamentos agressivos, mais eles irão aparecer. Nessas situações quanto menos falarmos melhor serão os resultados. Uma pequena correção já é o suficiente. Basta nos colocarmos no lugar das crianças: quando estamos frustrados, chateados ou irritados, o que menos queremos é um loooongo discurso. Portanto o necessário é dizer: quando você quiser a chupeta/o brinquedo, o paninho é só pedir para a mamãe, assim vou saber o que você quer – e para dar o exemplo, o que é necessário para os mais pequeninos – é só dizer: mamãe, dá teta (ou a expressão usada pela criança para chupeta). Neste exemplo não citamos para a criança que ela mordeu a mão da mãe, ou que ela foi lá tomar a chupeta do amigo, mas colocamos foco no que é mais adequado.
  2. As crianças precisam aprender a lidar com a frustração. Não podemos tudo o que queremos e não temos tudo o que desejamos. Embora o sentimento inicial da criança seja exatamente o oposto disso, teremos que ensina-la que nosso mundo é frustrante. Que ela terá que esperar sua vez para receber o lanche, entrar na fila para sua vez de ir no brinquedo, esperar a mamãe terminar de jantar para pegar o suco, etc etc. Cabe aos pais principalmente no início da vida dos bebês entenderem que, embora o sentimento de urgência em satisfazer as necessidades daquele bebê, é preciso ter calma e tranquilidade para lidar com essas “exigências”. Se a cada suspiro do bebê nós corremos a satisfazê-lo, isso pode gerar uma grande dificuldade para a própria criança quando ela cresce um pouco mais. Aprender a esperar é fundamental para os pequenos, pois quando eles aprendem isso, fica mais fácil de ensinar que agora é hora do amigo brincar com aquele brinquedo e depois é você. Caso não saibam esperar continuarão querendo tudo agora. Na escola este comportamento é melhor estabelecido pelas regras necessárias para o cuidado de todos. Em casa as vezes é mais difícil de estabelecer alguns parâmetros, mas é necessário.
  3. Acima de tudo precisamos respeitar o tempo de desenvolvimento das crianças. Algumas apresentam raramente os comportamentos de morder ou bater, outras apresentam mais frequentemente. Tudo depende também de quando a criança interage com as outras. Uma criança que interage mais, o que é excelente, tende a apresentar mais esses comportamentos pois estará exposta a situações de disputas de brinquedos com maior frequência.

CHEGA DE FRUSTRAÇÃO E DESESPERO

Sem dúvidas, em reconhecimento ao sentimento dos pais, é FRUSTRANTE receber da escola a informação que nosso filho não se comportou bem, afinal todos nós queremos ter filhos perfeitos.

Mas em hipótese alguma isso deve ser motivo para DESESPERO.

As crianças, por inúmeros motivos são diferentes e têm tempos diferentes. Algumas são mais caladas mas conseguem impor respeito junto dos colegas, outras são as vítimas das mordidas, outras são os agressores mais frequentes, outras são mais agitadas, enfim… há uma diversidade de comportamentos. O mais importante é que estejamos atentos ao desenvolvimento destes comportamentos.

Interagir com a escola para saber quais as reações da criança ao ser corrigida. Corrigir em casa em todas as manifestações agressivas – mesmo com os brinquedos da criança como quando ela bate na boneca, ou bate os carrinhos, e observar suas reações. Se a criança demonstra que percebe o que lhe é falado, muda de comportamento inicialmente e volta a fazê-lo, é perfeitamente normal. As vezes a criança inclusive fica mais agressiva depois da repreensão – isso é sinal de que nós a irritamos mais ainda, então será necessário pensar em outras maneiras de ensiná-la. Uma atenção maior só é necessária quando se percebe que a interferência do pai ou da escola não traz nenhum tipo de mudança de comportamento, nem no momento nem posterior à repreensão. Quando a criança não faz contato visual, quando não interage com quem fala com ela – aí neste caso vale a pena uma avaliação profissional.

O mundo infantil é fantástico, misterioso e desafiador. Como pais precisamos enfrentá-lo com calma, persistência e muito, muito amor – esse será o nosso combustível!

Se tiver dúvidas ou questões, me envie um e-mail e lhe responderei.

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